O livro O Culto do Amador de Andrew Keen é um ótimo e péssimo livro dependendo da visão de quem ler, na minha opinião. Ótimo livro para entendermos como pensa uma pessoa da segunda onda sobre choque de ondas e péssimo para quem tem mentalidade de segunda onda e quer entender os fenômenos que nos assolam.
Como um defensor da Terceira Onda eu não considero certo ou errado a concepção que as pessoas tem do mundo e de eventos e ações que parecem ser erradas para elas. O problema é que essas mesmas pessoas considerem erradas a visão das outras culturas e é isso o cerne desse livro.
Quando o autor trata sobre a morte da música em dois capítulos por causa do compartilhamento, praticamente é a idéia geral em todo o livro, ele esquece que a música já existia antes da revolução industrial, modelo que ele defende e acha correto.
Se perceberem, as pessoas com mentalidade de primeira onda acham que a música morreu e foi pasteurizada após o surgimento da rev. industrial. Esse choque de culturas é natural e esperado.
O autor não considera é que a troca de arquivos ou de “músicas” não está matando a música, está matando aquilo que entendemos como indústria musical, que para ele é o formato que dá sustentação para que surjam artistas, como foi educado a compreender.
O autor não investiga os fatos que estão destruindo modelos de negócios típicos da segunda onda, ele está preocupado como mantê-los. O modelo de negócios nessa onda são baseados em Hits. Como o custo de distribuição e produção é enorme, só existem duas classes: O astro e o desconhecido não-publicado.
A nova onda permite agora, por causa da cauda longa, que pessoas antes impedidas pela limitação de recursos sejam publicadas num Lulu.com ou Youtube.
O conceito de ProAm ou Prosumidor é virulamente atacado no livro por considerar que isso vai afastar ou denigrir o trabalho profissional quando na verdade o que ocorre é que agora qualquer pessoas tem o direito – ou privilégio – de poder exercitar ou praticar determinada ação e não que o profissional esteja impedido de exercer.
A visão de segunda onda é baseada no comando-controle e na concepção de que existem entidades ou departamentos, como governos e universidades, que controlam e decidem quem pode exercer determinado conhecimento após um processo burocrático de investigação. A idéia de que as pessoas tem liberdade de praticarem livremente e que o indivíduo tem escolhas é um desses fatores de choque que são defendidos no livro em favor da onda anterior.
A premissa de credibilidade que antes era imposta por um terceiro agente agora é dado ao indivíduo e a multidão que ele participa. Antes você tinha que ser escolhido por uma editora para publicar um livro e isso definia o conceito de sucesso per si, agora você pode simplesmente escrever o que bem entender, publicar e “ineditamente” ser comprado sem ter gasto 1 centavo em marketing. Essa concepção de valor também é criticada no livro.
Agora o que mais é sacrificado na visão do autor é o conceito de Crowdsourcing. Sabemos que uma multidão pode ser facilmente controlada, isso existe em todas as ondas e não será maior porque a credibilidade de algo é definido por essa multidão. O que investigamos é que modelos de negócios com base em Crowdsourcing vão surgir invariavelmente, quer queiramos ou não. Nada do que fizermos vai evitar, apenas – no máximo – retardar, como foram todas as ações que a primeira onda tentou nesses últimos 300 ou 400 anos.
Eu acho um livro válido para se ter em minha biblioteca para ser a antítese de outras obras e explicação de ações que surgirão e se intensificarão nos próximos anos.
Não li o livro, mas já havia lido sobre ele e também algumas entrevistas sobre o polemico autor. O que eu pude perceber que ele é o porta voz de vários pensamentos que estão cada vez mais anacrônicos e que consegue atenção (e vendas) trolando.
Vamo seguindo nosso caminho e vamos ver que curso a história vai seguir.
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@silveira nesse livro ele expressa claramento todo o pensamento das segunda onda, está tudo lá em caricatura e prosa. Eu acho um livro importante, será sobretudo citado nas escolas em um futuro como modelo de combate à terceira onda.
Totalmente ineficaz, é claro, mas enfático.