Empresas e funcionários, vamos conversar sobre nossa relação?
Quero demonstrar como criar uma cultura de sucesso mantendo e atraindo os melhores, os empolgando constantemente e instigando o crescimento junto ao negócio.
Em primeiro lugar, entenda: na empresa somos todos mercenários, não membros da família como o DHH escreveu brilhantemente. Como? Pra explicar isso vamos precisar de um preâmbulo histórico.
Até a invenção do capitalismo, todas as relações de trabalho giravam em torno da terra, ou seja, você tem um suserano que é dono da terra por direito religioso ou social e vassalos que devem respeito e obediência ao seu nobre. [1]
Existe uma diferença substancial entre vassalo e escravo, o primeiro pode ser outro nobre inclusive. Você trabalha por Honra e satisfação ao seu suserano, não por um salário, antigamente não existiam sequer forças armadas, eram os vassalos e nobres quem formavam o exército — com excessão do exército Romano em um curto período de tempo e com suas particularidades.
Em contrapartida o suserano tinha a obrigação de fornecer segurança, alimentação e todos os recursos necessários a subsistência de seus vassalos.
Homens livres eram basicamente mercenários, aqueles que trabalhavam apenas para quem pagava mais, não necessariamente apenas pelo dinheiro, a reputação de um bom trabalho valia mais que seu peso em ouro pra conquistar trabalhos futuros e satisfazer o ego entre seus pares, noções de valores marginais já disseminados.
Na transição entre o feudalismo e o capitalismo surgiram outros pequenos artesãos, ordens e sociedades de outras especialidades, mas todos girando em torno da guerra e discriminados como mercenários.
Invenção do Capitalismo
Fomos nos ajustando como sociedade pela mudança sócio-cultural das relações de trabalho a partir da invenção da indústria e dos serviços entre leis trabalhistas e teorias financeiras sobre essa difícil relação, no fim das contas somos homens livres que trabalham por dinheiro ou uma boa reputação como os antigos mercenários, mas o ranço do significado da palavra nos impede de enxergarmos como tais e nos submetermos na maioria das vezes como vassalos.
Ao mesmo ponto que o empreendedor é dono do novo conceito de terra e precisa entender que contrata mercenários, não é suserano de seus colaboradores. [2]
Invenção do termo Colaboradores
Os departamentos de Recursos Humanos tentaram suavizar a visão entre um vassalo e um mercenário e inventaram o termo colaborador que incuta a noção que dinheiro não é envolvido, mas também não é descartado. Ou seja, não define na verdade o que você faz e nem quais responsabilidades são induzidas a quem é o dono do capital.
Colaborador pode ser tanto um fornecedor, quanto um funcionário ou um co-fundador. Mas na empresa existem os sócios e os funcionários apenas, estes divididos em hierarquias de chefia, seja técnica ou absolutamente burocrática.
Conduza a carreira
Vamos começar pelo dono do capital e da alta gestão, ao trabalhar o ego de seus funcionários vocês conseguem “corrigir sem ofender e orientar sem humilhar?“.
Tem certeza? Que tal medir o nível de satisfação dos seus colaboradores?
Plano de Carreiras
Não acredite em empresas horizontais, níveis de hierarquia e disparidade salarial são vistos como algo justo. Tem trabalhos científicos demonstrando isso. Um bom plano de carreiras com regras claras de como o funcionário crescerá na sua empresa.
Harmonia no ambiente de trabalho
Não ofereça puff e cadeiras confortáveis como diferencial, não está contratando crianças, um ambiente saudável é o que desafia sem explorar, não queira vender como um ambiente familiar que as pessoas viverão naquele panfleto da bíblia com leões e tigres convivendo entre seres humanos, lugar de trabalho é para a boa competição.
A harmonia é atingida quando todos sabem seus papéis e possuem a autonomia necessária para desempenhar, os inaptos sairão normalmente, mas não causará o infortúnio de perder os melhores. Não acredite em evitar choques de visões e opiniões fortes, isso não evitará possíveis desentendimentos e talvez surta o efeito contrário.
Networking e relacionamento
Invista no seu funcionário, o desafie a apresentar palestras, participar de conferências e se tornar o mais apto naquele aspecto técnico — mas pague as despesas, ao demonstrar o trabalho que fez na sua empresa ele se esforçará pra coordenar e organizar da melhor forma possível, afinal ele vai provar seus méritos a seus pares que serão bem criteriosos. Tire do Budget de Marketing pra financiar.
Atrair os melhores (e principalmente os manter) ainda vai ajudar a atrair os pares.
Tamanho de Time
Todo mundo quer fazer Cosplay da cultura de Squad do Spotify, mas você está tentando emular ou absorvendo os aspectos culturais?
O mais importante para o time é que você tem que preencher os papéis, não os transformar em cargos, isso é paralelo no plano de carreiras. Scrummaster não deve ser cargo (foi engano se já está na CBO).
Invista no treinamento e especialização
Queira o melhor mercenário no time que seu dinheiro pode pagar, se não dá pra bancar um salário gordo devido ao mercado e Market Share que possui, compre uma conta na Alura e um pacote na Casa do Código pra eles como complemento, alie com o tópico sobre palestras e Networking.
Coordene o que vão estudar, em vez de soltar 20% de horas pra pesquisa aleatória, promova ações sólidas como a resolução de um problema que seu produto/serviço atua e patrocine um Hackathon pra isso.
Os conselhos usam exemplos bem pontuais da área de desenvolvimento de software, porte e adapte para o seu segmento.
Conselho para os colaboradores
Você trabalha em uma empresa que hora extra é o normal e não recebe por isso?
Trabalha sob pressão e tem que se virar pra aprender seja lá o que for?
Ganha pouco e ainda por cima tem o risco constante de perder o emprego sob ameaças?
Não tem as conquistas valorizadas e quando erra isso é evidenciado?
Procure empresas que façam o aconselhado aqui e parem de trabalhar como vassalos, não acredite em empresas que se vendem como famílias ou vai viver sob mesada o resto da vida.
Citações
[1] Um livro excelente focado no entendimento entre as eras comerciais e termos a noção da cultura que girava em torno da terra.
[2] O melhor livro para entender sobre capitalismo.