Category Archives: crowds

Categoria destinada a indexar todo o material exclusivo da minha pesquisa sobre comportamento das massas.

Wikipedia braziliana e sua censura

Esse artigo é um ensaio para meu projeto de pesquisa Crowds.

Alguns esclarecimentos iniciais, chamo a pt.wikipedia* de braziliana por uma simples razão: de “relevante” no mundo que fala português só existe o Brazil, o resto é uma porção de ilhota loser desconhecida até por nós que falamos o português.

Passando do parágrafo anterior que perco os amigos patrícios mas não perco a piada, deixo os leitores de título e primeiro parágrafo correrem para os comentários e prossigamos.

A Wikipedia pt-BR tem vários sérios problemas já conhecidos, mas os principais em minha opinião são artigos imprecisos e muito pequenos em relação a seu consorte en-US, ideologia dos moderadores falando mais alto do que a precisão histórica do verbete e principalmente o que considero o pior de todos, imprecisão sobre o que é relevante dentro do contexto limitador da Wikipedia.

Sobre competência dos verbetes entre as duas wikis, visite o artigo sobre Proudhon em inglês e compare com o mesmo artigo em português. Não é um caso isolado, é uma regra, você encontrará em quase todos os artigos. Esse fenômeno é até fácil de entender e tem muito a ver com nossa realidade antropológica, sobre nossa cultura como civilização. Reflete muito bem nossa academia, de fazer trabalhos pela metade e como cópia de coisas que já existem, sem o esmero de pesquisa e objetivos claros.

Sobre o problema ideológica, bem isso explica também porque somos BRIC e não desenvolvidos, marxismo por exemplo, até aqui no Brasil é uma coisa mais ridícula do que já é per si.

Projeto autoritário sem querer querendo

A Wikipedia é exemplo de sabedoria das multidões, citado como ator coadjuvante da Wikinomics e presente em todos os slides conhecidos sobre webdoispontozero. Wikipedia ultrapassou enciclopédias tradicionais em número de verbetes e até em precisão. Tudo dentro do espírito colaborativo.

O problema é que a Wikipedia é limitante e tem um caráter autoritário por conta disso na sua versão braziliana, no que eles chamam de BSRE. Esqueçamos por enquanto que existem outros critérios e também vamos nos concentrar na pt-BR. Pelo que percebi o critério-mor usado pelos censores é a tal BSRE.

Antes de discutir o que tem a ver essa BSRE com ser autoritário e limitante, vamos entender alguns problemas.

Luta contra os escrotos

Quando eu criei um artigo sobre a história do Jiujitsu e incluí no verbete da wiki pt-BR como fonte externa, tive esse link excluído no mesmo dia. Bem, como sou péssimo para citar fontes no que escrevo [eu tenho preguiça mesmo de abrir o livro e anotar autor e tal] talvez ficaram putos comigo e removeram. Fui lá novamente coloquei uma descrição melhor no link e não removeram mais, não sei se é critério remover toda contribuição de autores em sua primeira iniciativa e nem fui atrás de descobrir, está lá até hoje.

Um detalhe que notei ao revirar o histórico das páginas para descobrir porque excluíram minha contribuição é que tem muita “escrotização” na wikipedia, muitos idiotas flagelam os verbetes só pelo prazer da coisa, pelo que aparenta. Não há nem má-vontade ou má-interpretação, é sacanagem mesmo, o cara taca um “viado” ou “blablesrags” no meu do artigo só para sacanear mesmo. Isso é um saco em um sistema aberto e gigante como a wikipedia e ajuda a entender porque o pessoal é tão caxias em relação a moderação, se eu fosse um censor que tivesse que consertar essa merda o dia todo, todo dia, eu também entrava de sola.

Ok, isso acontece em qualquer coisa e sempre vai acontecer, idiotas tem o direito de viverem e é o lado dark da coisa. Pelo prazer de termos liberdade nós temos que suportar a responsabilidade das consequências. Melhor com isso do que sem liberdade. Todo mecanismo contra vilania acaba privando a liberdade em alguma esfera e os justos pagam pelos criminosos que são sempre a minoria absoluta em qualquer medição.

Liberdade não combina com minha vontade

Muita gente confunde colaboração com liberdade e vamos deixar bem claro, até na escravidão há colaboração, mesmo que involuntária. Não é porque o sujeito colabora com algo que ele é um libertário, ditadores colaboram com ditadores também.

Voltando sobre aquela historinha do BSRE, esse princípio que adotaram não combina com terceira onda que a Wikipedia faz ou deveria fazer jus. Nós vivemos num mundo cauda longa onde o nicho e suas minorias se libertaram do julgo opressor dos hits que são tradicionais em um mundo afunilado e escolhido pela ditadura da média aritmética simples.

O “EU” da história atual tanto alarmado em capa de Times e nos livros modernos não combina com essa definição:

Nada contra o Sr. Zé, mas essa página não descreve nenhum trabalho notável e simplesmente não se enquadra no tipo de informação útil à Wikipédia. Além disso, mesmo aspirações não realizadas, pensamentos, e hobbies de pessoas decididamente “famosas” não são consideradas enciclopédicas o suficiente para inclusão, a não ser que elas sejam diretamente importantes para a vida pública da pessoa e, de preferência, verificáveis.

Ora, quem define o que é útil para mim, senão eu mesmo?

Se você ler os outros titulos nesse artigo, verá que um anula o outro e cria o pior julgamento ditatorial que existe: A Minha Vontade!

Quando você não tem regras claras sobre como julgar algo e deixa a decisão a critério de subjeção, você chega a casos ridículos como essa discussão sobre a eliminação ou não de um verbete sobre Daniel Pádua.

Daniel Pádua é um quase “Who?” para mim, sua vida, morte e o trabalho não me interessam em nada, pelo menos não tinham me interessado até cair nessa página sobre a eliminação de seu verbete.

De um lado os defensores da manutenção do verbete, que são maioria diga-se de passagem, tentam provar para outros censores que ele tem relevância, evocam até uma cláusula do BSRE que impede que músicos fiquem de fora da censura estatutária dessa norma…. para, para, para tudo.

Você deve está se perguntando: Coméquié?

É, é isso mesmo, se o sujeito for Zé músico tem mais relevância do que ele for Zé agricultor, com base em quê eles definiram esse peso nem a astrologia consegue explicar.

Prosseguindo, o outro lado em sua maioria evoca a BSRE e suas cláusulas lógicas entre si para reprovar o verbete e manter a exclusão.

Quem ganha com isso? Ninguém. Quem perde? Todos nós.

Temos uma ferramenta revolucionária que se encaixa como uma luva no conceito moderno de colaboracionismo e podemos unir isso com a liberdade que é mola mestra da internet e ficamos discutindo quem tem peso para estar na wikipedia que é algo totalmente subjetivo segundo os critérios de nicho.

Poderíamos então liberar geral? Sinceramente eu não sei, mas com certeza absoluta que censura baseada em “A Minha Vontade” não funciona.

Eu poderia escrever um tratado maior do que esse artigo sobre isso mas dou um exemplo de um filme que não lembro o nome em português e estou com preguiça de googlar, onde a mulher de Hitler pede para ele não executar um cara que acho que era primo dela ou algo assim e ele se nega, ela pergunta porque e ele resume magistralmente tudo que se precisa entender sobre ditadura: “Porque eu quero!

Typically chemist’s shop can sale to you with discreet treatments for various health problems. There are numerous of safe online pharmacies that will deliver medications to your address. There are divers medicines for each afflictions. Learn more about “viagra manufacturer coupon“. Maybe “viagra discount coupons” is a very complicated matter. Matters, like “coupons for viagra“, are connected numerous types of health problems. If you need to take prescription medications, ask your pharmacist to check your testosterone levels before. Sometimes the treatment options may turn on erectile dysfunction remedies or a suction device that helps get an erection. Keep in mind web-site which is ready to sell erectile dysfunction drugs like Viagra without a formula is fraudulent. When you purchase from an unknown web-site, you run the risk of getting counterfeit remedies.

Aumento do conservadorismo

Durante um tempo eu venho observado que o mundo inteiro, e claro que isso reflete no Brasil, vem dando uma guinada perigosa ao conservadorismo. Pior, estamos nos entregando como cordeiros sem realmente sequer pensarmos no assunto.

Não, não falo em conservadorismo de um Burke, me refiro ao estilo raivoso e intolerante da pior espécie, basicamente nascido do pudor religioso.

Vamos dar um salto na década de 80 no Brasil, Chacrinha e suas chacretes hoje seriam rechaçadas e o pessoal da Uniban as chamariam de putas [referência da última semana aqui, não vou colar material, se você não sabe do que estou falando, melhor, nem vale a pena saber].

Olha para o Domingão do Faustão de 89, aliás, olhe para o corpo de balé [deve ser chamado assim],as meninas todas de fio-dental ou maiô bem cavado. Quando eu digo olhe, é porque sei que você vai resgatar da mente [se você nasceu depois, compreenda, não tínhamos Internet, corra pro tubo para entender]. Lembra das roupinhas da Xuxa e suas paquitas?

Vamos voltar um pouco mais, década de 60, era da tanguinha e nascimento do fio dental [sim a coisa é antiga], pessoal pregando paz e amor, pílula e amor livre. O quanto hoje você tolera dessas coisas e o quanto você acha que é tolerável pela sociedade?

Ok, até agora são apenas bobagens, coincidências, dirá um cético.

Vamos aprofundar, já devem ter visto essa foto antiga, não?

Quem diria que o procurado number one terrorista religioso andava tão parecido com um membro do Jethro Tull.

Você deve está se perguntando, ou deveria, aonde ele quer chegar com isso?  Ou então, o que tem a ver tecnologia [esse blog], com Crowds [minha pesquisa], com conservadorismo [esse artigo] e o Bin Laden?

Entendendo o mundo que vivemos

A sociologia moderna, sobretudo inspirada por Durkheim, acredita que o homem é um animal que só se tornou “ser-humano” por causa do coletivo e seu comportamento não é vontade individual e sim estabelecido e moldado pela sociedade. Basicamente isso [claro que com blablablas para se passar em prova de faculdade também].

Agora o que é melhor em Durkheim, e ele foi chamado de conservador por isso, é que os homens são guiados por normas estabelecidas e portanto uma anomia [ausência de leis, regras, convenções, normas ou como você queira chamá-las] causa a perda de identidade coletiva e os indivíduos com isso perderão a capacidade de manutenção da ordem e o caos reinaria.

Indo direto ao ponto, Durkheim disse que: mudanças sucks, ficar como está rocks. Ou seja, você tem uma sociedade moldada pela escola, familia, religião, governo e tantas outras instituições que uma mudança brusca e total afetaria a ordem reinante e o mundo piraria.

O ponto crucial aonde quero chegar nesse artigo é que as mudanças que estão em curso na humanidade não são apenas de ordem política, religiosa ou ideológica.

Há quem se engane que o mundo estava dando uma guinada para a esquerda [hemisfério ideológico que já não se sabe mais o que é] e que agora está dando uma guinada leve para a direita [outro hemisfério tão confuso quanto o outro].

Em vários momentos da história isso já aconteceu, tanto que Dom Pedro II passou bom tempo no poder sabiamente trocando um “Luzia” por um “Saquarema” a cada turmo e assim apaziguando as torcidas organizadas, ou mantendo-as ocupadas, o que não deixa de ser sábio também.

A política é algo que está se tornando irrelevante nas discussões mundiais e isso é perigoso também, já disseram que mesmo se você não gosta de política, não adianta, vai ser sempre comandado por quem gosta. Pense nisso, Hitler, Stalin e Polpot amavam a política.

As mudanças que ocorrem no mundo são mais brutais, é um choque de placas tectônicas da história, o que Alvin Toffler chamou de Terceira Onda. Não estamos falando apenas de política ou ideologia ou sequer religião, as mudanças são em todas as áreas do conhecimento e relacionamento humano.

Desde a mudança de comportamento de Hit para nicho, o achatamento do mundo, a colaboração entre empresas e pessoas, a sabedoria de centenas de pessoas trabalhando para algo sem remuneração direta que não seja o proprio beneficio desse trabalho, do qual chamamos de Crowdsourcing, guerras cirúrgicas, e tantos outros movimentos que combinados subvertem toda a ordem conhecida e principalmente a mais comum dessas ordens, o “senso comum“.

Esqueça tudo que você conceituou como sendo o verdadeiro, o real, o certo, como aprendi, o que eu sou e aonde chegarei. Assim você consegue se aproximar de entender como um Facebook, que é apenas uma “página” na internet vale mais do que uma indústria da Coca-cola, com suas centenas de trabalhadores, concreto e máquinas que custam milhares de dólares.

Aonde mora o perigo

Quando ocorre a transição entre ondas na história, essa transição sempre é violenta e muito combatida, tanto a onda anterior tenta sufocar a nova onda como a nova onda tenta destruir todos os valores e crenças da onda anterior para prevalecer.

Voltando a Durkheim, quando tentamos subverter os valores conhecidos e “palpáveis” nós estamos tirando o chão das pessoas, aquilo que elas acreditam. A tendência natural das pessoas é se refugiarem naquilo que conhecem e podem explicar, como religião.

Não que religião explica alguma coisa, mas é algo conhecido. Desde adão e eva, aqueles dois macaquinhas africanos, que todo mundo sabe o que é. O que melhor para um charlatão do que advogar algo que a ciência não pode explicar e fica por isso?

Então, há movimentos curiosos de expansão da igreja católica em áreas tradicionalmente protestantes, islâmicas e protestantes em áreas tradicionalmente católicas e um recrudescimento global em relação à moral [principalmente no sentido sexual] e pudor. O que impressiona e causa espanto é que a tendência seria o oposto, vide a maturidade do feminismo, a expansão dos direitos homosexuais e outras minorias que conseguiram crescer e se fazerem ouvir nas últimas décadas.

Mas o que isso nos preocupa?

Preocupa-me em particular essa queda ao conservadorismo religioso como uma barreira perigosa a transição para a nova onda, nós que trabalhamos com tecnologia, basicamente ciência [pelo menos quando não estamos dando tapinhas na maquina], somos os mais privilegiados pela nova onda, dinheiro brota de fontes inesgotáveis e subverte a economia [ciência da escassez] e cria um admirável mundo novo.

Mas o pior nem é isso, o pior são os direitos individuais, a nova onda é baseada na liberdade e na livre escolha. Digamos que religião não se dá bem com livre escolha, por mais que o “Free Will” esteja em sua porta de entrada.

Ora, se o mundo inteiro aceita ter sua liberdade tolhida em troca de um lugar comum que o abrace, a minha liberdade está seriamente ameaçada. Pense nisso com carinho.

Para evitar essa guinada perigosa as pessoas precisam entenderem o mundo que vivem. Sentirem-se seguras com essa nova ordem.  Os que nasceram e cresceram antes da internet vão morrer sem entender, os que nasceram antes e cresceram depois tem uma possibilidade de mudarem junto com o mundo.

Daí você me pergunta: Mas o que podemos fazer?

E eu respondo: não sei! Se soubesse já tinha escrito um paper… ou um livro de auto-ajuda e ficado rico.

O principal não é encontrar respostas nesse momento e sim formular as perguntas corretas, quando temos uma pergunta nós sabemos como trabalhar na resposta. Entender o mundo que vivemos e identificar mudanças que podem nos prejudicar é importantíssimo. Mais ainda é esclarecer a quem não consegue compreender.

E principalmente, quando xingar aquele crente maluco que fala que Kali Yuga cristão está próximo, igual ao pessoal fazia em 999, lembre-se que ele o legislará daqui a pouco.