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Regras dinâmicas no Domain Model com linguagens de script

Trabalhar com Orientação a Objetos em aplicações comerciais é trabalhoso porque envolve necessariamente outros paradigmas (como bancos de dados relacionais), além de requisitos não funcionais da sua arquitetura (como segurança, concorrência, etc) impedindo uma modelagem pura. Em aplicações que realmente existem lógica de negócios e não apenas um conjunto de cadastros e relatórios, a utilização de uma abordagem com “Domain Driven Design” se faz necessária para a redução da complexidade no coração do software, ou seja, na camada responsável pelo modelo do negócio.

A abordagem de Domain Model proposta por Eric Evans, consegue isolar o núcleo do sistema (responsável pela lógica de manipulação das informações e processos de negócios) abstraindo das particularidades da arquitetura por meio de suas técnicas modernas e maduras. Mesmo assim o esforço de isolamento não é tão claro mesmo para coisas triviais como segurança, onde existe uma linha tênue entre o que é requisito funcional ou não.

Na construção do seu modelo, a profusão de abordagens como Fluent Interfaces e DSL ajudam a maximizar o entendimento do negócio, mas ainda assim restam dúvidas de como e onde aplicar adequadamente.

Confusão

Tenho visto muitos bons desenvolvedores caírem na onda do Hype e se tornarem fanboys “*-tards” e saírem por aí alegando que a linguagem X ou outra coisa qualquer é evolução do Java/C# ou coisas desse tipo, comparando linguagens de abordagens tão distintas entre si e até de paradigmas diferentes. Esse pessoal esquece “o porquê” de existirem tipos estáticos e dinâmicos, fortes e fracos. Uma linguagem funcional não é evolução de uma linguagem orientada a objetos, se bem que o vice-versa é contraditório porque alguns autores alegam que o object calculi seria evolução do lambda-calculi. Linguagens de tipos dinâmicos não são evolução de tipos estáticos, já existiam e servem para propósitos diferentes. Da mesma forma existem JAVAtards que esquecem que existem outras funcionalidades que Java não implementa (lembre-se que você não cria um MapReduce sem conhecimentos profundos de programação funcional).

O ponto principal é que os tipos estáticos são importantes em linguagens imperativas e são importantes na definição da camada de negócio, mas linguagens dinâmicas também o são, pela agilidade nas mudanças e na complexidade da arquitetura. Imagine o custo de um deploy para cada refactoring e mudança em uma arquitetura JEE e compare com o mesmo nível de complexidade de mudança em PHP ou Ruby.

O mais comum ultimamente é a divisão da camada de negócios em duas zonas distintas: uma estática, implementada com uma linguagem estática e fortemente tipada como Java; e uma dinâmica, implementada com o sabor de script que você goste, como ruby, javascript ou python.

Camada estática

Existem princípios em qualquer negócio que por mais ágil que esse negócio seja e mude constantemente, esses princípios nunca mudam, são aquelas funcionalidades facilmente detectadas na modelagem tradicional, onde se detecta o caminho principal de um ator pelo caso de uso e podemos prever os caminhos alternativos.

Alguns pseudoanalistas imaginam que todas as funcionalidades se revelam na modelagem tradicional e se não cobriu todas as possibilidades é porque falhou o processo de desenvolvimento. Essas funcionalidades facilmente detectáveis e controláveis fazem parte da camada estática do seu modelo, não devem mudar nunca ou muito pouco em relação à vida útil do software.

Imagine um sistema contábil, os princípios de crédito e débito, plano de contas, livros contábeis, a própria operação de contabilização a partir de documentos entre outros aspectos são os mesmos há uns 200 anos e mudaram muito pouco nesse tempo todo. Falo sobretudo da contabilidade fiscal. Uma modelagem desses princípios vai sofrer pouca alteração durante toda a vida útil do software.

Imagine o sistema jurídico, é praticamente o mesmo dos romanos. Imagine um sistema de vendas, desde a troca de sal por um carneiro, surgimento da moeda ao cartão de crédito, os princípios são os mesmos.

Para implementar essa camada, uma linguagem de tipos fortes e estáticos é o mais indicado.

Camada dinâmica

Agora imagine toda a contabilidade gerencial que é realizada com base na contabilidade fiscal. Imagine todas as operações possíveis e combinações imaginárias de vendas. Todos os cálculos de impostos que os governos mudam todo ano. A análise e modelagem total dos casos de usos é praticamente impossível e se mostrou inviável ao longo do tempo.

Alguém pode sugerir a utilização de métodos ágeis para solucionar esse problema em linguagens estáticas mas não é o bastante. Os métodos ágeis surgiram para prepararem as equipes para as mudanças, suavizar o impacto que refactoring causam no código. Observem que estamos falando apenas de negócio, puro negócio. Os métodos ágeis não dizem como fazer o seu código, eles te auxiliam.

A abordagem de utilizar uma linguagem dinâmica para esses requisitos mutáveis e tardiamente diagnosticáveis se mostrou eficientíssima. Isolamos parte do Domain Model para ser provido de uma linguagem dinâmica (de script de preferência), e concentramos na facilidade de montar um idioma comum para a equipe sem o custo de build ou deploy de linguagens estáticas.

Segmentação

Dividimos então essa camada dinâmica em duas camadas interiores: uma da própria linguagem dinâmica que facilita as modificações ágeis (aconselhavelmente com Fluent Interfaces); e outra mais rebuscada, criada para a criação de regras (DSL com ou sem Fluent Interfaces) e uma linguagem comum entre a equipe e os operadores do sistema que são geralmente não técnicos mas treinados para isso.

Implementação

Trabalhemos com esse pequeno exemplo, tenho uma operação fecharVenda de uma hipotetica classe Venda que entre suas responsabilidades, existe a geração de comissão do vendedor.

public void fecharVenda() {
 ...
	//pre-execução
 	this.vendedor.setComissao(this.valorTotal * (5/100) );
	//pos-execução
...
}

Agora imagine que surgiu uma modificação no sistema, existem dois percentuais diferentes. Isso é moleza, você refatora a operação com a modificação:

public void fecharVenda() {
 ...

	//pre-execução
	if(this.tipo.equals("VendaTipo1"))
		this.vendedor.setComissao(this.valorTotal * (5/100) );
	}
	if(this.tipo.equals("VendaTipo2"))
		this.vendedor.setComissao(this.valorTotal * (8/100) );
	}
	//pos-execução
...
}

Ah! Mas eu sou esperto, criei uma propriedade lá que amarro o tipo de documento com o percentual apropriado:

public void fecharVenda() {
 ...
	//pre-execução
	this.vendedor.setComissao(this.valorTotal 
                   * this.vendedor.getPercentualApropriado() );
	//pos-execução
...
}

Daí chega o seu cliente todo fogoso e diz que a regra mudou, agora não é mais no total da nota e sim nos ítens, cada item pode ter um percentual diferente. O caminho mais usual é você refatorar o item e copiar a propriedade para lá, percorrer todos os produtos no método fecharVenda e calcular a comissão, claro, deixando a abordagem atual comentada caso o cliente deseje voltar como era antes.

Usando uma linguagem de Script

Observe no comentário //pre e //pos execução, que acha de injetar uma chamada a um script no método?

Você faria essa última modificação assim em javascript (com Rhino):

Chamada ao Script que será injetado no modelo:

ScriptEngineManager factory = new ScriptEngineManager();
ScriptEngine engine = factory.getEngineByName("JavaScript");
try {
	engine.put("lista", this.itens);
	engine.put("vendedor", this.vendedor);
	engine.put("nf", this);
	engine.put("total", this.total);
	engine.put("totalDescontos", this.totalDescontos);
	String path = NotaFiscal.class.getResource("script.js").getPath();
	engine.eval(new FileReader(path));
	this.total = (Double) engine.get("total");
	this.totalDescontos = (Double) engine.get("totalDescontos");
} catch (ScriptException e) {
	e.printStackTrace();
} catch (FileNotFoundException e) {
	e.printStackTrace();
}

Código no script.js:

(function() {
	var _$ = function(els) {
		this.elements = [];
		var iterator = els.iterator();
		while(iterator.hasNext()) {
			this.elements.push(iterator.next());
		}
		return this;
	};
	_$.prototype = {
		each: function(fn) {
			for ( var i = 0, len = this.elements.length; i < len; ++i ) {
				fn.call(this, this.elements[i]);
			};
			return this;
		},
		comissionar:function(vendedor) {
			var comissao = function(e) {
				vendedor.comissao += (e.total * e.percentual);
			}
			this.each(comissao);
		}
	};
	$ = function() {
		return new _$(arguments[0]);
	};
}());
$('lista').comissionar();

Fortemente inspirado no código do prototype resolvi o problema temporariamente sem precisar refatorar o código da aplicação e deixei aberto para quantas modificações forem necessárias nessa parte que é variável.

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Não use notação estranha

A notação húngara teve sua época e sua utilidade, basicamente serve para diferenciar tipos. Hoje com o avanço das IDEs, nem linguagens de tipos fracos precisam de notação húngara.

A notação húngara influenciou outras áreas como Banco de dados. Criaram notações para objetos de banco devido às deficiências das ferramentas em identificar tipos, os DBAs mantiveram o costume de padronizar os nomes dos artefatos com prefixos e as vezes tambem com sufixos. Na SEAD-Ce usávamos “TB_” como prefixo de tabelas para diferenciar de “TR_” para triggers. Isso tem uma valia grande para um DBA na hora de listar os objetos no Oracle ou criar rotinas de manipulação.

Mas pelo amor de Javé, não use isso em uma linguagem orientada a objetos, ainda mais com tipos fortes e estáticos como JAVA.

Imagine a seguinte situação em java:

Class Categoria {

    private String nomeCategoria;

    //segue ...

}

Se nome é uma propriedade da classe Categoria, para que diabos nomear como nomeCategoria? Com qual Objetivo? Qual a vantagem que isso trás?

O pior é definirem padrões semelhantes ao que o DBA (que tem necessidade disso) define para seus artefatos em uma linguagem OO. Vi padrão definido como “usar as três primeiras letras da classe antes das propriedades” e todo tipo de monstruosidade.

Nem que voce me prove que usa o bloco de notas para programar, eu ficaria convencido da real utilidade disso.

Dar manutenção em código desse tipo mais atrapalha do que ajuda, fora que construir também nunca vi utilidade nisso.

Usar notação Java padronizada pela SUN tudo bem , como definir o nome de variáveis em minúsculo e as demais palavras com a primeira letra em maiúsculo, mesmo assim é uma sugestão para facilitar o reconhecimento pela comunidade, se você não quiser seguir o código compila numa boa. Outras comunidades definem a segunda palavra separada por “_” como data_inicio. Mas nada de PTcaixaDoisDTO por favor.

Não invente notação estranha para seu código, imagine que a pessoa que vai dar manutenção é o Dexter Morgan e ele sabe seu endereço.

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Frameworks/tools caseiros ou fechados

Sério, eu até tinha planejado um PodCast sobre framework caseiros e ferramentas miraculosas, mas desisti porque pensei que o mercado meio que tinha amadurecido depois que o meu “Case” do Podcast resolveu chamar um arquiteto para domar a confusão que esse tipo de solução causa.

Eis que uma nova discussão no GUJ me faz pensar que talves ainda seja válido alertar para esse problema que é criar soluções caseiras ou fechadas.

A comunidade Java sofreu muito antimarketing por causa desse tipo de coisa, quem se lembra do Egen sabe do que estou falando, o último que conheço que abandonou o Egen e construiu a aplicação do zero foi a PGE-CE (só que construiu em dotNet). A comunidade JAVA sempre sofreu desse fetiche de gerentes despreparados de quererem resolver a solução por mágica.

Tenho uma fórmula de fracasso para esse tipo de solução, independente se é Framework ou Tool os ítens servem para ambos os casos.

Fórmula para o fracasso:

  1. Definir uma plataforma de referência (muito comum em órgãos públicos), que sirva para todo e qualquer sistema;
  2. Usar um framework/tool proprietário na plataforma de referência;
    1. tool/framework fechado tem comunidade pequena (portanto fonte de pesquisa menor), código geralmente não padronizado, dificuldade de encontrar pessoal que domine a ferramenta, práticas abomináves que tentam concentrar o conhecimento para evitar que a concorrência tenha algo igual

Variação da Fórmula:

  1. Definir uma plataforma de referência (muito comum em órg]as públicos), que sirva para todo e qualquer sistema;
  2. Usar um framework/tool proprietário CASEIRO na plataforma de referência;
    1. tool/framework é desenvolvido “in house”, o que piora o item 2 exponencialmente já que geralmente esse framework foi pensado para um solução específica e depois foi “vendido” como solução para qualquer sistema, desenvolvido por uma equipe que o tinha como meio e não fim (por isso atrasaram o projeto inicial já que além do sistema ainda desenvolveram as ferramentas), a empresa que desenvolve como meio não tem recurso de uma Borland por exemplo e o sistema é cheio de “nas coxas”.

A maioria de quem é senior já passou por isso, eu mesmo já desenvolvi meu próprio framework action-based, aconselho a todos os juniores a fazerem o seu, é uma exercício excelente.

A culpa de deixarem os frameworks caseiros se tornarem oficiais da empresa é dos gerentes/arquitetos que tem a obrigação de saberem que isso é “harmful”, e se deixam, devem perder sua insígnias imediatamente, sinal de que não sabem de nada ou ficaram hibernando na década de 90 e milênio novo.

Eu detesto Struts e tenho minhas críticas ao Model2 por tudo que ele provoca, mas entre escolher um Struts que tem bibliografia extensa, documentação a dar no pau, maturidade, ser livre e aberto, fóruns, pessoal a vontade e inúmeros casos reais… e escolher um framework desses da minha fórmula do fracasso, fico com a primeira opção sem piscar o olho.

[update]

Ah! ia esquecendo, o Shoes blogou sobre a discussão do GUJ.

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