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Primeira versão do seu produto — análise da idéia

A literatura sobre como construir um produto — principalmente se for software — é bem completa e envolve desde a experiência do usuário, passando por vendas, métricas a como organizar sua execução.

Nada melhor para demonstrar do que criar um produto do zero seguindo essas práticas.

Identificação

Primeira fase de uma idéia é encontrar um problema a ser resolvido, inovar e melhorar o processo. O grande problema é conseguir diferenciar o que é invenção e o que é inovação.

Estudo de Caso

Henrique Soares é professor de Jiu-jitsu, ele precisa organizar o acompanhamento de seus alunos para medir a evolução ou deficiência no treinamento. Isso envolve nutrição, exercícios e atividades gerais que exercem influência na performance de seus alunos. Hoje ele utiliza o Google Calendar e planilhas no Excell.

Agenda de treinos e atividades

Existe a possibilidade de um produto novo que atenda ao Henrique.

Imersão e conhecimento

Nesse momento precisamos coletar informações e conhecer o processo pra saber o quão vantajoso será construir uma solução para o problema, além de verificar se outros professores poderão ser clientes, afinal se não escala, não compensa.

Há o perigo de querer transformar um Hobby em negócio e achar que pode abrir uma Cafeteria porque gosta de café. Portanto não construa a solução porque é aluno dele, faça depois de analisar se compensa como negócio.

Henrique é professor universitário e respeitado em sua comunidade, influenciador e formador de opinião. Alguns professores seguem seu modelo e outros gostariam de seguir.

Seleção

A atividade mais importante que considero é verificar se realmente precisa de um produto novo, a inovação muitas vezes pode ser apenas vender a solução correta.

Identificado o modelo que o Henrique atua, analisei que ele precisa de uma ferramenta para rastrear as atividades de seus alunos e aprender com elas, algo chamado de Biohacking em algumas comunidades.

Encontrei alguns produtos que poderiam atender o Henrique, o Enquos foi o mais adequado para o modelo que ele queria e aplicamos durante um tempo para validar se resolvia e evitava construir algo já vencido por uma concorrência forte e estabelecida sem nenhuma inovação substancial.

Diferenciação

A ferramenta é bem detalhada, mas isso contribuiu para o fracasso como ferramenta de suporte para o trabalho do Henrique, alguns pontos negativos levantados pela experiência aonde podemos inovar:

1 — O aluno precisava logar suas informações, eram muitos passos para incluir apenas se fez um lanche ou se tomou um pré-treino;

Escolher o tipo de atividade e ainda ter que clicar num botão ou área

Muitas especializações que acabam dificultando a entrada de dados

Detalhes obrigatórios que impedem um entrada rápida

Mais detalhes que podem garantir medições mais precisa, mas fazem qualquer um desistir de registrar

2 — Por causa do item anterior os alunos deixavam de registrar muitas atividades que causavam falta de confiança nas análises;

3 — Os gráficos eram ricos, mas muita informação desnecessária e pouca flexibilidade para experimentar [como fazer análise cruzada por mais de 2 itens].

Como faço uma comparação de água, carbs e gordura?

4 — O Henrique precisava de acesso aos dados, mas não precisava ser uma rede social, apenas ter acesso ao dashboard diário para um acompanhamento em tempo real e de dados em determinados períodos para gerar gráficos para uma análise humana.

Estudamos algumas ferramentas e resolvemos então apostar no nosso Feeling, vamos prototipar.

Uma das estratégias é construir uma versão simplificada que atenda o mínimo necessário, experimentar e ir encontrando o ajuste certo com um MVP. Como estratégia de negócios você pode simplificar e usar um Business Model Canvas.

Próximo artigo: Primeira versão do seu produto — protótipo

Empreender? Precisa se organizar antes!

Você já deve ter lido por aí que não precisa abrir uma empresa pra empreender, que pode realizar e desenvolver essa veia de empreendedor no seu trabalho, etc e blá blá blá a parte.

Na realidade, independente do nível de empreendedor que você queira ser, um dia baterá na sua porta algo que todos amam ignorar: você só conseguirá êxito se conseguir vender sua idéia/produto, nem que o produto seja você.

Construa que eles virão

Tomemos o exemplo de quem quer começar uma Startup — seja por qual motivo.

O passo inicial até na literatura é sair fazendo o negócio e aprender durante o processo, sair da inércia.

Pode ser bacana e até ter casos anedóticos de sucesso, mas como modelo pode ser uma má prática e esconde algumas armadilhas.

Para obter “sucesso”, você precisa encontrar clientes para o seu negócio e compradores pra sua idéia, seja sócio-investidor que injetará dinheiro direto, seja uma alavancagem de vendas na Startup que a tornará num negócio rentável ou atrairá um comprador diretamente.

Esse comprador ou cliente só se interessará no seu produto se ele existir, parece muito óbvio, então o ponto de saída é realmente sair fazendo?

Criar habilidades

Antes de iniciar o produto, você precisa antes de tudo desenvolver os Skills necessários para conseguir convencer a comprarem sua idéia, se é que alguém nasce com isso.

Muitos alunos chegam pra mim perguntando como empreender, se basta seguir os livros famosos ou acompanhar as biografias de quem “deu certo®”.

Antes de desenvolver essas habilidades de empreendimento, você precisará organizar o seu tempo e foco para isso.

Eu tive alguns produtos e algumas empresas, em todas as oportunidades que encontrei dificuldades eu errei em 3 pontos principais:

1 — Só ganha dinheiro quem tem dinheiro;

Pra você executar sua idéia vai precisar de dinheiro, não adianta achar que dedicar 1h por dia a uma idéia vai dar certo, sim, você já fez isso há várias vezes que eu sei e não funcionou, vai escutar o óbvio agora?

Se for software e se for na Web principalmente, não precisar ter dinheiro ou ser muito barato é bastante atrativo e capa de revistas de “carreira de sucesso”, mas você já pensou que é pra todo mundo e não só pra você? Você acha que as leis de mercado do mundo Offline não interferem no mundo online?

Freela não vai resolver e você sabe disso, uma semana depois já gastou o dinheiro naquele Action Figure fantástico que não podia deixar de comprar nesse momento pra ficar guardado no seu quarto escuro.

Além do que, depois de uma semana se o MVP não está na rua, já era, o gás acabou e a idéia não vence o Netflix.

Se não tem o dinheiro necessário para executar o planejamento de curto e médio prazo vamos pular para o próximo item.

2 — Quem trabalha não tem tempo de ganhar dinheiro;

Uma coisa que aprendi, se você trabalha muito, está fazendo errado. Precisa conseguir outro emprego/ocupação/cargo ou eliminar o que te faz trabalhar muito.

Uma ação quase certa é automatizar o que você faz e cortar as distrações, pode parecer fácil, mas eu nunca consegui o Inbox Zero na vida, você consegue?

Se você se mantém no operacional, não vai conseguir organizar suas idéias para melhorar e inovar. Não estou afirmando pra você almejar um cargo de chefia, mas voltando ao ponto anterior, automatizar ou cortar o processo que te faz “operacionar” suas atividades ajudarão até quem trabalha contigo.

Um exemplo direto usando o perfil de desenvolvedor de software: quanto tempo você passa criando coisas do zero? Isso é muito bom para aprender e você deve manter esse espírito para o resto da vida, mas compreender o momento certo de apenas colar o que a vida já te deu salva tempo [e tempo é dinheiro, você leu em algum biscoito]. Pode parecer muito óbvio para alguns, mas tem alguém nesse momento se dando conta do óbvio. [isso aqui foi meio indireta pra alguns, inclusive eu].

Outro perfil clássico, você é PO/Gerente/Chefe de uma equipe e obriga “seus” desenvolvedores a preencherem planilha de horas dizendo o que fez, você está prejudicando a empresa que trabalha porque tira custo de desenvolvimento que poderia produzir software — portanto lucro — para embutir no custo do seu trabalho. Automatize, filho.

3 — Quem trabalha pra pobre, pede esmola pra dois.

Se não tem dinheiro e ainda não organizou seu tempo, não vai funcionar se você ganha pouco e ou não tem perspectiva de crescimento pessoal. Saia desse emprego/vaga sem futuro, é melhor trabalhar de graça numa empresa que vai te alavancar do que ser atendente de Call Center, melhor aprender tecnologias novas numa boa empresa do que ser programador CRUD de uma agência PHP.

Mesmo que você não queira abrir uma Startup, você quer se tornar o engenheiro chefe cheios de patentes ou o melhor Software Developer que existe, não será fazendo CRUD + Relatórios, acredite.

TL;DR

Antes de sair empreendendo, desenvolva habilidades, principalmente para vender sua idéia.

Para desenvolver essas habilidades você precisa organizar a casa, focar e dedicar de forma adequada.

Para focar você precisa de informações, conhecimento e tempo para organizar as idéias de forma que a inovação saia das referências aprendidas, alguns chamam isso de sabedoria.

[Resenha] O Culto do Amador

Culto do AmadorO livro O Culto do Amador de Andrew Keen é um ótimo e péssimo livro dependendo da visão de quem ler, na minha opinião. Ótimo livro para entendermos como pensa uma pessoa da segunda onda sobre choque de ondas e péssimo para quem tem mentalidade de segunda onda e quer entender os fenômenos que nos assolam.

Como um defensor da Terceira Onda eu não considero certo ou errado a concepção que as pessoas tem do mundo e de eventos e ações que parecem ser erradas para elas. O problema é que essas mesmas pessoas considerem erradas a visão das outras culturas e é isso o cerne desse livro.

The Cult of the AmateurQuando o autor trata sobre a morte da música em dois capítulos por causa do compartilhamento, praticamente é a idéia geral em todo o livro, ele esquece que a música já existia antes da revolução industrial, modelo que ele defende e acha correto.

Se perceberem, as pessoas com mentalidade de primeira onda acham que a música morreu e foi pasteurizada após o surgimento da rev. industrial. Esse choque de culturas é natural e esperado.

O autor não considera é que a troca de arquivos ou de “músicas” não está matando a música, está matando aquilo que entendemos como indústria musical, que para ele é o formato que dá sustentação para que surjam artistas, como foi educado a compreender.

O autor não investiga os fatos que estão destruindo modelos de negócios típicos da segunda onda, ele está preocupado como mantê-los. O modelo de negócios nessa onda são baseados em Hits. Como o custo de distribuição e produção é enorme, só existem duas classes: O astro e o desconhecido não-publicado.

A nova onda permite agora, por causa da cauda longa, que pessoas antes impedidas pela limitação de recursos sejam publicadas num Lulu.com ou Youtube.

O conceito de ProAm ou Prosumidor é virulamente atacado no livro por considerar que isso vai afastar ou denigrir o trabalho profissional quando na verdade o que ocorre é que agora qualquer pessoas tem o direito – ou privilégio – de poder exercitar ou praticar determinada ação  e não que o profissional esteja impedido de exercer.

A visão de segunda onda é baseada no comando-controle e na concepção de que existem entidades ou departamentos, como governos e universidades, que controlam e decidem quem pode exercer determinado conhecimento após um processo burocrático de investigação. A idéia de que as pessoas tem liberdade de praticarem livremente e que o indivíduo tem escolhas é um desses fatores de choque que são defendidos no livro em favor da onda anterior.

A premissa de credibilidade que antes era imposta por um terceiro agente agora é dado ao indivíduo e a multidão que ele participa. Antes você tinha que ser escolhido por uma editora para publicar um livro e isso definia o conceito de sucesso per si, agora você pode simplesmente escrever o que bem entender, publicar e “ineditamente” ser comprado sem ter gasto 1 centavo em marketing. Essa concepção de valor também é criticada no livro.

Agora o que mais é sacrificado na visão do autor é o conceito de Crowdsourcing. Sabemos que uma multidão pode ser facilmente controlada, isso existe em todas as ondas e não será maior porque a credibilidade de algo é definido por essa multidão. O que investigamos é que modelos de negócios com base em Crowdsourcing vão surgir invariavelmente, quer queiramos ou não. Nada do que fizermos vai evitar, apenas – no máximo – retardar, como foram todas as ações que a primeira onda tentou nesses últimos 300 ou 400 anos.

Eu acho um livro válido para se ter em minha biblioteca para ser a antítese de outras obras e explicação de ações que surgirão e se intensificarão nos próximos anos.