Um conceito que confundo a cabeça dos alunos no curso de Front End é que devemos seguir as boas práticas sem nos prender a elas, ou seja, depois de demonstrar o Material Design e recomendar o uso, nós simplesmente quebramos os conceitos de Layout que ele sugere e trabalhamos algumas tendências de regras de UI para uma boa usabilidade [post e vídeo em breve sobre].
Good design is design that works. This seems like an obvious point, and yet people often confuse good design with design that follows its host system’s UI guidelines, or design that is consistent with other, similar products, or design that follows some other convention. When in doubt, following conventions is a good idea. Conventions are there for a reason. Google invested a lot in its material design spec, for example, and you could do a lot worse than follow its lead. But it’s possible that you could also do a lot better. If you think that following conventions makes your product harder to use, more difficult to learn, or less efficient to use, you should challenge these conventions. Find the best solution for the users’ needs.
Em uma tradução livre e apressada:
Um bom design é o design que funciona. Isso parece ser um ponto óbvio e ainda assim as pessoas muitas vezes confundem um bom design com um design que segue as diretrizes definidas de UI já colocadas ou o design que é consistente com outros produtos similares ou design que segue a alguma outra convenção. Em caso de dúvida, seguir convenções é uma boa idéia. Convenções estão lá por um motivo. O Google investiu muito em sua especificação Material Design, por exemplo, e você poderia fazer muito pior do que apenas seguir seu conselho. Mas é possível que você também poderia fazer muito melhor. Se você acha que seguindo convenções torna o seu produto mais difícil de usar, mais difícil de aprender ou menos eficientes ao uso, você deve desafiar essas convenções. Encontrar a melhor solução para as necessidades dos usuários.
No vídeo que gravei fazendo uma análise sobre “O que podemos aprender com o Snapchat” eu comentei sobre o quão ousado o produto foi em quebrar essas convenções. Recomendo que assista.
Em uma das aulas nós construímos uma Interface para a idéia de um produto sobre Feedback.
Quando fomos construir um protótipo funcional, empilhamos os componentes e ajustamos para algo que fizesse sentido com a Story.
Então o desafio é começar a trabalhar alguns conceitos como Formless, não precisar fazer o usuário pensar, não solicitar ou notificar sobre algo que o usuário não precisa agir, entre outros. O layout fica bem desafiador, bem econômico e direto ao ponto.
Imagina um convite, não tem botão, não tem formulário, apenas um pedido de seu amigo para o avaliar e ao escrever já está informado.
Eu chamo de 3 regras do UI para uma boa usabilidade, é um crivo que analiso uma feature e vamos ajustando até que se adequa o melhor possível dentro das “leis”.
Em breve vou gravar um vídeo sobre a técnica que utilizamos, aguarde!
“As you can see orange, brown, and yellow comprise the majority of responses. As you’ve already read, yellow (according to Birren) tends to drop from preferred to disliked as a person grows older. “
Existem 3 contextos sobre a realidade de quem nós somos:
Como ela é, nisso é o que a ciência age e talvez o motivo do porquê é tão chata para a maioria das pessoas, já que é cruel, feia e brutal.
Como nós queremos que seja, formulamos utopias e tentamos moldar a realidade para se enquadrar, cabe uma boa leitura em Schopenhauer aqui.
O ponto mais importante e o que nos prejudica de verdade, como nós enxergamos entre como as coisas são e como gostaríamos que fossem.
Feedback
Enxergar como nós somos de verdade e o que precisamos melhorar para viver em sociedade – pra pessoas técnicas como eu – praticamente beira o impossível, porque a lógica matemática que estamos acostumados não funciona aqui, as relações humanas não são booleanas e tentar enxergar como as coisas são envolve uma percepção humana.
Faça um exercício, responda se você prefere trabalhar em um ambiente sem disparidade salarial e semhierarquia ou se acha que é mais produtivo um ambiente de trabalho com harmonia. Ninguém vai reconhecer que prefere os amigos da mesma faculdade e mesmo que não concorde com “meritocracia”, acha que não julga os colegas pela preferência pessoal. Só que no mundo real as ações não combinam com as preferências respondidas em questionários. Clique nos links e se questione.
Mas quando trazemos essa perspectiva de julgamento de valores para nós mesmos em nossas ações e como as pessoas nos vêem?
Uma metodologia ágil de desenvolvimento de software, o eXtreme Programming, tem em um de seus valores um conceito bastante interessante que acaba se tornando a prática fundamental para a qualidade do produto no final e pode ser utilizado por nós para essa correção da percepção sobre quem nós somos.
Rodadas de Feedback
A revisão por pares é uma das práticas de se fazer boa ciência, então o Feedback acaba sendo uma forma adequada de você ser escrutinado pelos outros e encontrar a conclusão sobre as antíteses relatadas do que não tem nem noção que é um defeito em si mesmo e que precisa ser corrigido.
Um modelo de avaliação em 360 que já apliquei em muitos times foca nos pontos subjetivos, ou seja, nas qualidades e defeitos de cada membro.
Basicamente crie uma rodada de Feedback, de forma anônima cada membro cita 3 defeitos que precisam ser corrigidos e 3 qualidades que precisam ser mantidas de cada camarada que trabalha com ele, no final filtramos os 3 defeitos e 3 qualidades pra cada um pela média das indicações.
Então estabelecemos um prazo, como um mês, para se corrigir os defeitos e fazemos uma nova avaliação. Você pode adotar isso como critério de corte, já usamos, por exemplo, que na terceira avaliação seguida com o mesmo defeito o sujeito deveria ser desligado do time. Sempre funcionou, se tentar me fala como saiu.
Melhoria contínua
Resolvi aplicar isso para minha vida, estabeleci um ano como meta de corte (não sei se vou me demitir ainda) e vou pedir a cada 6 meses um novo feedback para um grupo de pessoas próximas. Apesar de não ser anônimo, fiz um experimento inicial.
Mandei um email com o seguinte subject:
Quem é Milfont?
E o seguinte corpo:
Cara, vou perguntar a amigos mais próximos e quero um feedback sincero, como voce me descreveria pra um estranho.
Não tenha medo de me magoar se precisar, superarei. Tema livre e descreva como bem entender.
Valeu.
Quem já trabalhou comigo e participou desse tipo de avaliação já sabia do que se tratava, apesar do tom bem informal que adotei, deixei a criatividade aflorar, não dei muitos detalhes.
Alguns nunca responderam, outros não entenderam, alguns só me elogiaram mesmo eu treplicando que podiam falar abertamente, me amam demais para exporem assim.
Analisei os emails e separei os 3 pontos mais citados por todos a melhorar:
Foco. Esse ponto aqui não precisa sequer me conhecer intimamente.
Comunicação.
Organização. Tenho quase a impressão que é causada pelo item 1.
Alguns emails foram sensacionais, vou colar trechos aqui, mas manter o anonimato:
Acho que as vezes vc acaba exagerando nas declarações. Mesmo acreditando que comer de 3h em 3h não é o ideal não é legal chamar todos os nutris de ‘burros’. Dizer que eles podem estar severamente equivocados, pode ser melhor =P
Esse é um puxão de orelha que eu sei que sou chato mesmo:
A sua iniciativa é massa, mas as vezes vc entra numa discussão que não deveria. Fica parecendo metido sabe?
Esse aqui está me chamando de falacioso, apelão pra autoridade:
E as vezes eu acho que vc usa muito a sua experiência como justificativa para as coisas. Sei que experiência é pra isso mesmo…pra ser usada pra não errar de novo, mas as vezes os contextos mudam, sei la.
A forma como debato é totalmente inadequada:
As vezes percebo em suas conversas um certo ar de “eu sei disso, sou praticamente o dono da verdade…é pra ser assim”, não percebo isso em suas palavras…acho que percebo na sua ênfase, energia gasta na defesa do assunto.
Complementa com:
Acredito que um pouco de flexibilidade nas suas conversas iriam agregar muito valor. Menos objetividade (mal de programador).
O lance da organização do tempo se confunde com o foco, as vezes realmente eu me perco nos detalhes, o que era pra implementar um CRUD vira um grande Refactoring.
Trabalhei com ele um bom tempo, sinceramente, ele é um profissional fera. Mas eu não gostava muito da sua gestão de tarefas, achava que ele perdia muito tempo com coisas particulares. Essa é uma discussão muito grande na área de desenvolvimento de software, não vamos iniciar ela aqui
Eu gostaria de ter o foco e dedicação que o Milfont tem, mas colocaria uma boa agenda para organizar as tarefas, foco na hora certa na coisa certa.
Uma aparte nesse ponto, uma espécie de “Nota do Editor”, o foco que ele se refere tem o sentido de empenho, quando eu começo uma coisa realmente eu termino, só que no meio do caminho já fiz mil outras e poderia ter otimizado o tempo com melhores resultados.
Enfim, foram Feedbacks excelentes e bastante proveitosos, os 3 mais citados despontaram naturalmente.
Sobre as qualidade eu prefiro ficar com a mais citada:
Ex-gordo
Dificuldades
Feedback realizado, objetivos selecionados, agora foi traçar a estratégia de correção.
Primeira coisa que estabeleci foi focar, aprender a dizer não. Eu participo de muitas ações em atividades totalmente paralelas aos meus interesses principais que são família e profissão, ações que envolvem de luta a arqueria, passando por nutrição a pesquisas históricas. Eu não digo sim porque tenho algum receio em magoar ou desagradar, é que realmente eu gosto de participar, só que voce tem um tempo limitado a 24h, não dá pra participar de tudo que gosta.
A meta pra esse ano foi simplesmente cumprir minhas tarefas agendadas e só realizar uma próxima opção da TODO list quando concluir a do momento.
Uma forma que tem funcionado comigo é colocar tudo que tenho que fazer no Calendar e me limitar a isso, sem Cheat.
Mas o bichinho do “abre só mais essa aba aqui no Chrome” é difícil de controlar, são décadas pra corrigir em pouco tempo. Parei de competir no Jiu-jitsu, removi o WhatsApp no celular, entre outras práticas desesperadas.
Até aqui
Tenho que dizer que está sendo um dos anos mais produtivos da minha vida, retomei os cursos, estou conseguindo ler pelo menos um livro por mês (estava com mais de 10 pela metade) mesmo com duas nenens, uma de dois anos e outra com 4 meses.
Melhorei algumas práticas pessoais como trocar a noite pelo dia, acordar todos os dias as 5:30 e tentar dormir cedo.
Precisaria disso pra eu enxergar meus próprios defeitos?
Eu já os conhecia e sabia que precisava corrigir, não foram nenhuma novidades, mas uma percepção externa ajuda a confirmar e priorizar.
Está chegando a hora de novo Feedback, agora quero saber novamente qual a percepção de quem me avaliou quase 6 meses depois. Final do ano tem mais.