Existe um tipo de falácia bem comum que está crescendo ultimamente se aproveitando da célebre frase: Não existe bala de prata!
Quando invocamos a necessidade de não considerar todos os problemas como um prego e a única arma um martelo, não estamos fornecendo a chave da irrestrita flexibilidade irresponsável.
Quando assumimos que em tudo depende, não estamos dizendo que não há uma fronteira. O avanço significativo do cálculo só foi possível com o advento do limite matemático.
Fazer ciência é investigar e fazer a pergunta certa ao contrário da resposta certa. Para isso identificamos padrões e formulamos teorias.
Antes de abandonar uma teoria devemos substituí-la por outra mais apropriada. Isso soa conservador mas é preciso para se fazer ciência, propor o abandono de uma determinada teoria sem a substituição por outra mais adequada é leviano.
Para entender como algo funciona não podemos simplesmente achar que qualquer solução é válida e sim descobrir qual a solução adequada.
Entender que existem soluções mais apropriadas – e que sim, existe um jeito certo ou um modo melhor de se fazer algo – não quer dizer que outras abordagens simplesmente estão erradas, podem ser apenas incompletas e/ou inviáveis.
Em muitas discussões que tenho travado ultimamente sempre quando tento argumentar que uma solução específica é melhor do que determinada outra, ouço:
“Não existem balas de prata”. Bingo!
Essa pessoa não entende ou não quer aceitar por motivo qualquer que a solução dela está errada ou não satisfaz.
Aqui a proposta é pontual, para determinado conjunto de fatores existe uma solução mais adequada, isso é fato.
Existem Balas de prata!
Mas como somos fans de Supernatural, sabemos que o que mata é acertar no coração. O trabalho deve ser direcionado a combater a complexidade no coração do problema e não simplesmente num jogo de escolher a ferramenta certa.
Na área de desenvolvimento de software a maioria dos desenvolvedores se apegam a uma metodologia/ferramenta/arquitetura e tentam encaixá-la para a construção de qualquer sistema. Não entendem que aquela solução não vai resolver todos os problemas.
Até aqui tudo bem, o problema é aproveitar a defesa de que não existe uma ferramenta para todos os propósitos e considerar que “não existe o melhor” ou a “forma apropriada”, quando justamente por não existir ferramenta universal é que devemos usar algo por sua especialidade.
O manifesto ágil tem um trecho que diz:
“Estamos descobrindo maneiras melhores de desenvolver software fazendo-o nós mesmos e ajudando outros a fazê-lo.”
Observe que ele diz “melhores” e não “diferente” ou “de outra forma“.
No final diz:
“Ou seja, mesmo havendo valor nos itens à direita, valorizamos mais os itens à esquerda.”
Aqui reconhece que os itens à direita não estão errados, apenas que os da esquerda levam a uma melhor forma de tratar o campo específico que é desenvolver software.
Tentar levar o manifesto ágil para gestão de projetos, construção civil ou limpeza da sua casa o faz ser uma bala de prata e que não vai matar nada porque você não está atigindo o coração, apenas tentando criar um martelo genérico para um uso universal.
Todo o “KnowHow” associado ao manifesto ágil se refere única e exclusivamente ao processo de desenvolver software da melhor forma, atinge o pontual.
Agiletards sabem ser chatos também quando seguem metodologias de caixinhas e querem criar um novo dogma de desenvolvimento de software.
Existe o melhor e a forma mais adequada, procurar é nosso dever!